Toda noite é a mesma coisa. Encosto a cabeça no travesseiro e o coração dispara. Não sei bem quando isso começou. Eu sempre acho que estou morrendo, penso em questões práticas, onde está o telefone, pra quem eu pediria ajuda, quem me encontraria, como deixar a situação menos pior. Procuro no google, todas as doenças possíveis, provavel que nos resultados eu encontre algo relacionado a cancer.
Esse coração que não se sobressalta durante o dia ocupado, faz isso só quando minha cabeça pode ser só minha. Bate de ansiedade e eu não consigo controlar, mas queria.
Talvez seja medo, talvez seja só energia demais, mais alguma emoção que eu não consigo controlar, ou ele finalmente entregue na mão do destino e dizendo que já não é o mesmo e que vai me trazer um enorme problema em breve.
Hoje antes de deitar na minha cama, ele deu este mesmo sinal. Disparou nos primeiros acordes de Harvest Moon. Foi como um susto. Levei mão no peito.
“Come a little bit closer. Hear what I have to say”
Existe uma lista de musicas que amo, e seriam a trilha sonora de algum amor que não chegou ainda. Mas quando chegar eu vou saber porque essa musica vai tocar.
Eu posso contar nos dedos as vezes em que me senti assim, a ponto do coração disparar. Sorrio pra mim mesma porque faz pouco tempo e ainda não consegui me livrar disto, não importa o quanto eu me esforce. Não perdi a capacidade do pulsar.
Com o coração batendo quase fora do peito, não resisto e danço sozinha na sala escura. Não sou das que dança, mas celebro cada sentimento aqui dentro, minha jornada e a consciência de que talvez eu seja assim pra sempre — entre romance e uma carapaça muito endurecida pela vida.
Lembro de todas as vezes que você tentou me tirar pra dançar na cozinha e era como se meus pés estivessem cimentados no piso frio. Eu não conseguia sequer entregar minha mão e segurar a sua. Eu acho que precisava mesmo era aprender a dançar só. E achar um compasso que eu conseguisse acompanhar.
Eu sempre fui acelerada demais. Sempre tive medo de pisar nos seus pés. Nunca foi você.
Estar sozinha também precisa ser bonito. E será. Mas eu sigo escrevendo as mesmas cartas de amor que eu nunca vou entregar. Pilhas e pilhas de papel, uma infinidade de canções de amor.
Ontem tomei um banho todo rosa. Conchinhas e petalas de flores. Aos poucos a armadura vai se desfazendo. Desejo real de me jogar em sentimento.
Que gentileza seria morrer de amor. Deixo a música tocar mais uma vez.
“Because I’m still in love with you. On this harvest moon.”