Susto

Sou das que escreve no susto, tomada por alguma emoção, ou porque vi ou ouvi alguma coisa que gostei demais. Na verdade não sou, eu ERA essa pessoa. Parei de escrever porque passei a ter um outro sentimento em mim: vergonha.

Vergonha de gente que não me conhece, medo de não agradar. Por mais que eu tenha a consciência de que não vim ao mundo pra agradar ninguém, me incomodava o fato de estar esposa. E ainda incomoda.

No ano passado ( a pouquinho tempo na real) eu trabalhei muito, lutei muito, me debati muito e simplesmente não cheguei a lugar nenhum. Quase no finzinho do ano, em Novembro perdi meu pai, e depois disso só conseguia pensar no tipo de vida que ele tinha levado, como teve muita coisa legal e como teve tanta coisa bem bosta, mas acima de tudo, como tudo poderia ter sido melhor se não fossem todas as amarras sociais que nos prendem. De algumas a gente não tem como escapar, não da pra viver de luz, mas algumas outras são mais cobranças nossas para com nós mesmos do que amarras impossíveis de se escapar.

Se é um estado mental, que a gente entra e não sabe como sair, esta cada vez mais claro pra mim que dá pra reprogramar esse estado. E é isso que eu quero pra mim e estou tentando. Passei tanto tempo num estado mental negativo, com tudo doendo, com tudo “errado” que a unica coisa que eu quero no momento é tentar mudar.

Pela vida cumpri todas as “regras” que colocaram sobre a minha cabeça, agora eu só queria tentar fazer as coisas de uma maneira diferente.

Eu mudei minha alimentação, estou optando por cosméticos e produtos de limpeza naturais, estou ouvindo as musicas que eu gosto, me dei de presente o silêncio, porque eu gosto dele e isso não diminui meu amor pelas pessoas, minha preocupação nem nada, só estou bem assim e vou me permitir.

Lembro de quando eu era uma menina totalmente hippie-odara. Eu passava os dias escrevendo, fazendo chá , acendendo incenso, ouvindo musica e lendo, lendo, lendo, eu estudava e trabalhava, mas dava tempo de ser o que não estava mais conseguindo ser ultimamente – SUAVE. Minha irmã dizia ” …um dia a gente vai entrar no quarto da Maria Rita e ela vai estar flutuando” e eu era ão leve (não fisicamente) que poderia de fato ser real.

Águas sempre profundas, nem sempre turbulentas

 

 

Eu já era uma pessoa politizada, até demais não se engane, mas a politica e a luta pro mundo ser da maneira que eu acreditava que era possivel ser melhor pra todo mundo simplesmente não me doía. Eu tinha minhas obrigações e elas não doíam. E olha que tinham cobranças pesadíssimas e ainda assim estava tudo bem.

Eu tinha cadernos e mais cadernos de uma escrita que fluía, e era bom escrever sobre tudo e sobre nada, escrever é algo que fazia parte de mim, mas eu matei por causa da bendita vergonha. Mas vergonha de que, de quem e porque? Pretendo passar por cima das minhas vergonhas que me regram de uma forma horrível, que me aprisiona e me tira o ar.

Quero me importar com o que importa, não comprar brigas que não são minhas, não fazer mais esforços que não me façam bem, não quero e a vida é minha (nota mental para guardar isso como um mantra).

Talvez eu crie uma newsletter, pra bater papo, pra chegar por e-mail e não em espaços pre determinados que dizem quem eu sou antes que eu mesma possa fazer isso. No mais, o que eu tenho a perder?

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