Estar com outras mulheres por um objetivo comum é sempre transformador.
Estou (de novo) doente igual a um cão, e isso tem acontecido muito ao longo destes últimos dois anos. Imunidade baixa, provavelmente, e ela baixa todo mês próximo dos mesmos dias agravada por toda uma vida atribulada a qual não estou indiferente.
Desta vez adoeci na sequência de algo grandioso na minha vida, uma mudança tamanha que talvez tenha me forçado a parar, a deitar (coisa que eu nunca faço, acho que é a primeira vez que escutei alguém da minha família dizer que eu “estou de cama”) a continuar olhando para mim. Ou talvez seja porque carrego agora comigo a experiência de tantas outras mulheres.
Participei de um workshop que trabalhou a nossa relação com a comida. Pelo menos esta era a proposta, mas acabou trabalhando com tantas outras questões.
Foram apenas dois dias em roda com outras 29 mulheres, diversas, absurdamente belas, sem exceção, mas com os mesmos pensamentos com relação ao corpo. Não deu para falar de comida sem falar de corpo.
Diante delas fiz um pacto que vou levar para vida, o de ser mais sincera comigo mesma, de largada já comecei a me sabotar numa roda de acolhimento, mas consegui quebrar o instinto de dizer que está tudo bem, que eu aguento, que estou forte.
Cheguei por lá em pedaços, o choro veio fácil, largado, coberto de abraço e acolhimento. Precisei morrer em mim pra nascer de novo.
Como estar entre outras mulheres é SEMPRE transformador. Como faz diferença que nestes espaços que se propõem a acolher exista um olhar de carinho e aceitação para tudo o que vier dali. Como uma comunicação não violenta muda a forma como a gente se relaciona com o outro e com nós mesmos.
Permiti que a minha bolha fosse furada, para abrir os braços pra outras pessoas, diferentes de mim em quase tudo, mas tão semelhantes em outras tantas coisas. Entendi que ser semelhante não me faz naturalmente acolhida e que tudo bem, pessoas são o que são e agora eu carrego comigo apenas o que eu quiser carregar, sem cobranças.
Me livrei de muita coisa que vinha carregando a tempos comigo, consegui me olhar com gentileza pela primeira vez na vida. Fiz amigas que espero levar para a vida toda.
Sim eu adoeci, adoeci porque fui virada do avesso. E como foi bom.