De tempos em tempos me canso de mim. E cansada daquilo que fui até aqui desejo me chacoalhar como um cão molhado tentando se secar, e assim me livrar do que já foi.

Passo longos períodos de tempo avaliando se o que me tornei faz bem, pra mim e pra quem está em volta. Às vezes gosto daquilo que vejo. Às vezes não.
Não sei olhar pro mundo sem olhar pra dentro. E nem sei se é realmente possível fazer isso. Quanto mais os anos passam, mais rápido esse cansaço chega.

Parece que não tenho mais tempo a perder com determinadas coisas, conversas, práticas, crenças. Só não faz sentido. E eu sinto que caio na armadilha de não me importar com coisas que talvez sejam realmente importantes pra outras pessoas.

Escrevendo isso já não sei se estou mesmo cansada de mim ou cansada de fingir interesse. Tomara que seja a primeira opção, porque dessa forma é possível se reinventar. Mas se for a segunda? Como faço? Como vou seguir sem achar gente interessante?

Acho que isso é um reflexo do romper. Abri mão de tanta coisa nas últimas três semanas que chega a dar vertigem. Em compensação estou começando tanta coisa nova, cheia de possibilidade, pra viver tudo diferente, e embora isso não me paralise, me deixa reflexiva.

O que será que eu quero levar do ontem daqui pra frente? Será que eu quero?

Se minha vida fosse um roteiro e eu fosse um personagem, agora eu apagaria tudo que já foi escrito sobre mim e começaria de novo. Deixaria propositalmente vários erros de continuidade de uma cena pra outra. Xícaras virariam copos, um casaco azul passaria a vermelho. Ora vestida num jaleco e no segundo seguinte em uma roupa de astronauta. O papel de parede vai de azul pra verde. E ainda que na bagunça do cenário me faria protagonista e não coadjuvante da minha própria história. Seria concedido, a quem quisesse assistir, uma cadeira, mas sem o poder de alterar o fim da história.

Bom vou ali começar tudo de novo. Ansiosa pelas próximas cenas. Atenta pras armadilhas e cheia de vontade de fazer diferente. Tudo é experimento. E no final, real ou inventado só precisa fazer sentido (ou não) pra mim.

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mariarita

Escrevo para não enlouquecer sobre coisas que já me enlouqueceram.

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